Como é importante as lembraças daqueles que compartilharam contigo partes importantes não só da sua história mas da sua formação e crescimento....Eis aqui um relato de meu velho irmão de jornada e de sangue...do qual agora se encontra no Seminário Batista do Sul (Rio de Janeiro), obedecendo sua vocação perante aquele que é galardoador daqueles que o obedecem. Apesar de grande respaldo como músico, agora também se vê a passos largos o seu crescimento como ministro da palavra. Aqui ele fala um pouco sobre suas primeiras motivações e uma breve introdução pelos seus caminhos na música:
Lembro-me ainda jovem com uma vassoura na mão imitando os artistas da época, no meu caso nada de extraordinário, quem nunca usou os utensílios domésticos para, com os primos e amigos, montar uma banda imaginária? Comigo foi assim no início, não havia um artista específico, apenas vassouras, panelas, baldes e uma gritaria insana nas tardes de sábado. No domingo pela manhã, quando éramos conduzidos à EBD, víamos um bom grupo de louvor na Igreja Batista Central de Goiânia. Não entendíamos nada de música, apenas gostávamos de ouvir. Eram agradáveis essas manhãs, os músicos ali próximos, os instrumentos também e, as letras, lenta e poderosamente, adentrando nossas mentes com força titânica.
Anos se passaram e minha relação com a igreja se desfez ainda na infância, embora tal separação nunca tenha sido por completo desfeita, nesse ínterim, ainda muito cedo na idade – digamos que lá pelos 8 ou 9 anos – ouvi a arrebatadora introdução de baixo de Steve Harris, a música é The Claivoyant, o álbum era The Real Live One, deixei meu interesse pelos instrumentos “ditos” de “solo” – mesmo que nas vassouras - , voltei-me definitivamente para o contra-baixo, foi ali amor à primeira audição. Daí por diante o rock’n roll, mais especificamente o heavy metal entrou em minha vida para nunca mais sair. Aprendi a ler as letras em inglês e, mesmo precariamente, traduzi minhas favoritas.
Eram letras com uma realidade triste, imediatista, vazia, em várias havia apologia à morte ou demonologia, dinheiro, mulheres. Tal abordagem nunca me atraiu. Meu fascínio sempre foi pela potência emanada dos acordes, a fúria dos riffs, o “peso” das levadas e conduções rítmicas, porém, quanto às letras, as letras que me inebriavam, e ainda inebriam, são aquelas do saudoso grupo de louvor de minha infância. Lá havia esperança nas letras, expectativa em uma vida melhor com Cristo, senão houvesse melhora nesse plano terreno, haveria no plano futuro, quem sabe na segunda vinda de Jesus Cristo.
Segunda vinda de Cristo, Segundo Advento ou Parusia (grego transliterado=parousia, com o significado imediato e simples de "presença") é termo usualmente empregado com a significação religiosa de "volta gloriosa de Jesus Cristo, no final dos tempos, para presidir o Juízo Final", conforme crêem as várias religiões cristãs e muçulmanas, inclusive sincréticas e esotéricas.
As especificidades sobre o tema são definidas individualmente por cada religião ou expressão religiosa, conforme a sua crença, com pontos semelhantes e não tão semelhantes.
Os louvores me causavam verdadeiro torpor, no melhor sentido da analogia, pela expectativa do que haveria de vir, pena termos esquecido isso. Ainda na adolescência fui demonizado na igreja por escutar e deleitar-me com o bom e velho heavy metal. Coisa do Capeta, ouvindo coisas do diabo, torna-se como o próprio diabo. O diabo fez o rock n’ roll. Esses e outros infindos comentários foram ditos para tentar me tirar dos caminhos do metal. Coisas vãs foram ditas, infelizmente tais irmãos se apossaram da vontade e voz divinas para apoiar seus próprios pontos de vista. Enquanto isso, a igreja, de uma forma bem generalizada, esqueceu-se de manter seus olhos na “parousia” de Cristo e tornou-se tão imediatista e nefasta como as letras “metaleiras” que ela tanto demonizou.
Hoje meu intuito não é apresentar meu olhar teológico sobre a igreja brasileira, doente e moribunda à mercê dos imediatismos doutrinários, meu intuito é mostrar uma das músicas que mais me emocionam e emocionaram até hoje. Em minha opinião uma obra-prima que une a maestria agressiva dos acordes e riffs do heavy metal, bem como a transcendência cristã, a verdadeira parousia dos meus encantados tempos de infância. Aqui sou saudoso de dias em que a igreja não se importava com sua própria necessidade, mas com a necessidade do próximo. Saudoso dos dias em que havia paixão e prazer em tocar nas igrejas e comunidades locais, e não se um lugar ao sol nos emaranhados de gravadoras e protótipos evangélicos. Saudoso da musica congregacional que limitava sua ação ao amor e adoração com sua comunidade, sem intenção de crescimento, prosperidade, exaltação e reconhecimento, apenas adoração com um coração sincero e esperançoso no dia em que Cristo finalmente voltará. Aqui ficam meus Brados e oração de “VIDA LONGA À SCEPTRUM”, bons amigos e irmãos de caminhada, continuem trazendo esperança na parousia de Cristo e na salvação que emana “SOMENTE EM DEUS”.
Thiago Barbosa
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