sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O canto gregoriano e o "sucessionismo" como brincadeira de mau gosto...





O canto gregoriano é um gênero de música vocal monofônica, monódica (só uma melodia), não acompanhada, ou acompanhada apenas pela repetição da voz principal com o organum, com o ritmo livre e não medido, utilizada pelo ritual da liturgia católica romana, a idéia central do cantochão ocidental.

As características foram herdadas dos salmos judaicos, assim como dos modos (ou escalas, mais modernamente) gregos, que no século VI foram selecionados e adaptados por Gregório Magno para serem utilizados nas celebrações religiosas da Igreja Católica.

Somente este tipo de prática musical podia ser utilizada na liturgia ou outros ofícios católicos. Só nos finais da Idade Média é que a polifonia (harmonia obtida com mais de uma linha melódica em contraponto) começa a ser introduzida nos ofícios da cristandade de então, e a coexistir com a prática do canto gregoriano.

O engraçado é que toda essa história do "sucessionismo batista" surgiu de uma richa de popularidade entre as comunidades Batista e Metodista entre o século XVIII e XIX, se não me engano...e a música se tornava a protagonista principal.

Em meados do final século XVIII início do XIX os Batistas estavam estagnados e não havia uma crescente da comunidade, ao contrário dos Metodistas, que alcançavam popularidade no continente norte-americano com suas músicas mais contemporâneas e polifônicas, dando ar mais contextualizado e congregacional aos cânticos. Os batistas ainda adotavam aquele estilo gregoriano...o famoso "cantochão" utilizado pela maioria das igrejas históricas.

A grande popularidade dos Metodistas aguçaram nos Batistas uma pontinha de inveja e como argumento de importância, surgiu o sucessionismo como argumento de relevância, para mostrar aos Metodistas seu devido lugar...

Para quem não sabe, o sucessionismo batista baseia-se na colocação de que a origem dos Batistas derivam da linhagem de João Batista, contemporâneo dos áureos tempos de Cristo, dando um caráter de "importância" maior à denominação em questão. Os Metodistas surgiram com Wesley no final do século XVIII na Inglaterra, alcançando maior relevância nos EUA.

Este mito se espalhou de forma grandiosa e até hoje alguns acreditam nesta história de linhagem referente a João Batista. O fato é que os Batistas verdadeiramente surgiram anteriormente aos Metodistas, mas não da forma que o sucessionismo prega. Historiadores confirmam que os Batistas surgiram no começo do Século XVII na Inglaterra através de uma insatisfação e desconformidade teológica com os preceitos anglicanos.

Na verdade, esta história não teve relevância para a relação das duas denominações com o passar dos anos, aliás, muitos sequer sabem deste fato. O fato mesmo, é que tudo não passou de uma brincadeirinha de mau gosto...

Diogo Barbosa.

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