"Sede transformados pela renovação do vosso entendimento". Rm 12:2. "Metanóia" (do grego μετάνοια) significa: conversão, mudança de atitude e pensamento, caráter trabalhado e evoluído. Para acompanhar o compasso dos tempos dentro de um contexto musical é necessário estar ligado em tudo aquilo que acontece no mundo sonoro... Aqui você poderá se informar através de dicas práticas, testemunhos, curiosidades, informativos, novidades e estudos bíblicos à cerca da Música Cristã contemporânea.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Rearmonização (dicas práticas)
Vamos falar sobre rearmonização. De acordo com a etimologia da palavra, rearmonização significa buscar uma melodia já feita e alterar os acordes para dar um colorido diferente, produzindo variedade e interesse. Essa mudança de acordes pode ser simples ou complexa dependendo do objetivo a ser alcançado.
Quando você sempre toca uma mesma música e percebe que esta canção já não é uma novidade musical, está na hora de rearmonizar. Vários estilos musicais têm exemplos de rearmonização, mas sem sombra de dúvidas, o estilo que mais utiliza essa ferramenta é o Jazz.
Miles Davis, Bill Evans, Oscar Peterson, John Coltrane, Duke Ellington e tantos outros mestres utilizaram esse recurso para dar sofisticação aos chamados standards. Gostaria de dar 3 dicas para uma boa rearmonização.
Dica 1 - Perceba a melodia dentro do contexto da harmonia.
Muitos músicos analisam a melodia ("o canto") separadamente da harmonia. Isto é um erro porque a melodia quase sempre se encaixa no acorde que está sendo tocado no momento. E quando isto não ocorre é devido o uso de algumas técnicas que os arranjadores utilizam, como por exemplo, as notas melódicas (notas de passagem, apogiatura, escapada, retardo, bordadura, antecipação).
Antes de rearmonizar perceba como os acordes encaixam com a melodia. Além disso, tente rearmonizar utilizando acordes que tenham na sua formação a nota da melodia que está sendo tocada no momento.
Por exemplo, na música "Aclame ao Senhor" no refrão na parte "poder, majestade, louvores ao Rei" a harmonia original é:
A F#m Bm E que poderia ser rearmonizada como: A F#m B9/D# E/D
Dica 2 - Para músicas de louvor e adoração procure rearmonizar utilizando a mesma função do acorde.
Esta dica é imprescindível pois no louvor e adoração o foco principal do arranjador deve estar nas letras que estão sendo cantadas e na mensagem transmitida. Na maioria dos casos a rearmonização não deve descaracterizar a música. A princípio, o objetivo da rearmonização é somente dar um colorido diferente na música, causando interesse sem causar espanto no ouvinte.
É possível rearmonizar trocando a função dos acordes, mas para mudar o colorido do acorde sem descaracterizar a canção, o melhor é manter a função dos acordes. Na harmonia funcional precisamos pensar nas funções, ou seja, as sensações que cada acorde transmite. Sendo assim, temos as seguintes funções:
a) Repouso - Quando a harmonia relaxa, tendo um caráter conclusivo.
b) Tensão - Quando a harmonia contém o trítono causando instabilidade.
c) Meia tensão - É uma função intermediária entre as outras duas, com efeito meio suspensivo.
Há uma série de arranjadores que rearmonizam trocando a função do acorde de maneira interessante. Isto ocorre principalmente no Jazz ou em outros estilos instrumentais. Neste caso o objetivo é realmente causar impacto com a rearmonização. Já no estilo de louvor congregacional o foco não está prioritariamente ligado na música por si só, mas na música como ferramenta que transmite uma mensagem.
Dica 3 - Rearmonize percebendo o contexto da música e da letra.
A canção deve unir o contexto da música e letra. Por exemplo, se fosse para rearmonizar a canção "Deus de promessas" quando a letra diz "posso até chorar mas a alegria vem de manhã" é recomendável utilizar uma harmonia clara, simples, sem muitas tensões, pois a letra fala que a alegria vem de manhã.
A harmonia deve transmitir musicalmente sensações daquilo que está sendo dito através da letra. Uma ferramenta muito utilizada para rearmonizar sem mudar a função do acorde, percebendo o contexto da música e letra é a adição da cadencia II-V-I.
Pense sempre no acorde alvo, se este acorde for menor utilize IIm7(b5)-V7(#9) e o acorde alvo.
Ex.: C Bm7(b5) E7(#9) Am Neste caso o acorde alvo é o Am.
Se o acorde alvo for maior utilize IIm7 - V7 e o acorde alvo.
Ex.: C Gm7 C7 F Neste caso o acorde alvo é o F.
Concluindo, essas dicas elementares para rearmonização, podem dar a possibilidade de sofisticar a harmonia sem perder o sentido e o significado musical. O músico que rearmoniza é como um pintor que tem uma tela branca na sua frente com matizes de cores a sua disposição. Basta ter bom senso e bom gosto para saber o que utilizar e como utilizar.
Sl. 33:3 “Cantai-lhe um cântico novo, tocai com arte e júbilo.”
Fonte: Anderson Braga (Supergospel)
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Olá, gostei muito do post, muito útil e interessante! Por uma grande coincidencia, desenvolvi um projeto envolvendo computação e rearmonização musical, gostaria da opnião de vocês (o projeto está publicado em meu blog): ricardombertani.wordpress.com
ResponderExcluirParabéns pelo artigo!
ResponderExcluirEstou montando uma aula sobre rearmonização e seu artigo me deu um bom norte.
Muito obrigado!