"Sede transformados pela renovação do vosso entendimento". Rm 12:2. "Metanóia" (do grego μετάνοια) significa: conversão, mudança de atitude e pensamento, caráter trabalhado e evoluído. Para acompanhar o compasso dos tempos dentro de um contexto musical é necessário estar ligado em tudo aquilo que acontece no mundo sonoro... Aqui você poderá se informar através de dicas práticas, testemunhos, curiosidades, informativos, novidades e estudos bíblicos à cerca da Música Cristã contemporânea.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Destravando o improviso
Fala moçada!! Se liguem neste depoimento de um grande guitarrista instrumental, Mateus Starling, graduado em Berklee, falando sobre uma coisa tão rotineira não só para os guitarristas, mas também para todos instrumentistas: o improviso.
Por Mateus Starling,
O que me motivou a escrever esse texto hoje foi um comentário que ouvi de um aluno que estuda comigo por meio de vídeo aulas. Uma pessoa que eu nunca conheci pessoalmente, mas que apresentou o mesmo problema que a maioria dos músicos também apresenta. O melhor disso tudo é que ele também encontrou a solução para o problema dele e é sobre isso que quero escrever.
Quem aqui nunca travou na hora de fazer um solo? E qual o motivo das amarras?
No período em que estudei na Berklee eu estava constantemente me apresentando ao vivo e foi um período em que eu me sentia um pouco travado nos improvisos. Percebi que 2 coisas me afetavam muito nesse quesito. Primeiramente o nervosismo de estar tocando para colegas e professores.
A verdade é que a falta de confiança e uma cobrança pessoal muito grande me faziam subir no palco com uma expectativa de mostrar resultado. Queria mostrar num improviso praticamente tudo o que estava desenvolvendo em meu estudo.
O que em segundo plano me fazia travar era o fato de entrar no improviso já com muitas idéias premeditadas.
Agora eu volto para o comentário desse aluno que me disse que havia preparado um solo para uma apresentação ao vivo, mas que no momento, apesar de ter executado o solo perfeitamente, o mesmo ficou vazio e sem vida junto com a banda.
Eu já escrevi sobre improviso VS preparar solos e não quero entrar nesse mérito, mas ao vivo sempre acontecerão coisas que necessitarão de ajustes, ou seja, é muito mais pratico adquirir a habilidade de reagir ao momento (improvisar) do que a de prever o futuro.
Fazendo um resumo da ópera chegamos a 2 conclusões.
O músico precisa ter confiança, de certa forma você precisa subir no palco com a convicção de que você faz aquilo muito bem. Isso é algo que vem com estudo e com a prática de tocar, por isso bato muito na tecla de que não existe músico de quarto, aquele cara que não sai para tocar, para ouvir apresentações. Tudo isso vai gerar no músico confiança, seja tocando ou observando como outros músicos tocam. Você não vai se tornar confiante professando mantras tipo: “Eu sou bom, eu posso.” A música é maior que isso e você precisa se tornar amigo da música e não concorrente. 50% é o estudo solitário, 50% é tocando com outras pessoas.
E por fim é muito importante entrar num improviso aberto para as possibilidades. Posso dizer sem hipocrisia que em 100% das vezes em que toco ao vivo eu só começo um improviso com uma idéia que me vem no momento, essa é a única maneira onde consigo improvisar sem travar. Não posso pensar em frases, licks, conceitos, tudo isso me bloqueia. Particularmente tento focar minha maneira de improvisar em motivos melódicos e rítmicos, na minha opinião o solo é uma sequencia de idéias desenvolvidas e em consonância com o resto de conjunto.
O Hal Crook uma vez me disse algo muito interessante a respeito de improvisar: “Se você não engaja a banda a tocar contigo uma hora eles te desligam e começam a tocar entre eles”.
Voltando ao aluno, ele me disse que a solução que encontrou foi o conceito de “desenvolvimento de motivos” ou seja, uma idéia tocada deve ser a continuação de uma idéia anteriormente executada, ou seja, se toca reagindo ao que você acabou de tocar ou então reagindo a algo que a banda esta tocando. Isso não quer dizer que o seu solo não deva possuir outros elementos, mas certamente os motivos vão dar uma estrutura para o seu solo.
Recomendo 2 pianistas que tocam repletos de motivos: Aaron Goldberg e Bill Evans. É interessante salientar que o improviso na música brasileira é repleto de motivos, principalmente os instrumentistas dos anos 60 e 70.
Grande abraço e Deus abençoe a todos.
Mateus Starling
www.mateusstarling.com.br
twitter: mateusstarling
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Muito muito legal, obrigado por ter postado.
ResponderExcluirDisponha sempre...o prazer é meu em colocar coisas úteis a todos os músicos e instrumentistas. Grande abraço.
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