segunda-feira, 8 de março de 2010

Aprendendo a tocar como parte de um grupo




Uma das minhas principais ocupações com certeza é a música. Quando estou no consultório durante o dia e obviamente não posso tocar, a música não deixa de estar presente na minha realidade como fonoaudiólogo. Sempre gosto de ouvir música e sendo assim, as deixo de fundo, servindo como trilha sonora do meu trabalho.

No meu notebook rola de tudo, desde rock até as músicas mais calmas e melosas. Descobri que é necessário não ter preconceitos com relação a estilos se você quer realmente ser um bom músico, porém isso é assunto para outro tópico...
Mas fala sério, como é bom pegar um CD e ouvir uma banda ou conjunto tocando! Tudo é tão claro, transparente, harmonioso e acima de tudo, na medida certa!

Quando você toca ao vivo na igreja ou até mesmo em outras ocasiões com um grupo e de repente você se vê em uma experiência dentro de estúdio, na gravação de qualquer trabalho ou projeto, você percebe que as coisas não podem ser feitas da mesma maneira.
O que quero dizer é que, no momento que você participa de uma gravação, a música é dividida e segmentada em várias partes. Os instrumentos são gravados separadamente, são estabelecidos diversas linhas de gravação para cada determinado instrumento, vários arranjos são formados separadamente e pouco a pouco a música vai tomando forma até se tornar aquilo que ouvimos em um CD. A princípio você chega até a duvidar do resultado positivo, mas no final, tudo se encaixa.
Quando você toca e faz parte de um grupo, é difícil você ter esta mentalidade. Pelo menos comigo foi assim.

Essa experiência mostrou para mim que em um grupo, cada um tem que executar seu papel de forma a não atropelar o outro. Com certeza não é isso que se vê em inúmeros conjuntos e bandas. Isso acontece pelo fato de que, assim como na gravação a princípio, você só tem uma visão fracionada do que está rolando e desta forma você tenta preencher os espaços dos outros que estão com você. O fato é que na maioria das vezes, cada membro de um grupo só se preocupa com o seu, não observando o geral, o aspecto global do conjunto. A maioria tem uma visão “micro” da coisa toda e acabam não observando o “macro”.

Um dos motivos que também contribuem para que haja essa total bagunça dentro de uma banda ou grupo, é que muitos músicos tem em sua formação inicial somente experiências como instrumentista solo. Ele aprendeu a tocar muito sozinho e quando este ingressa em um grupo de louvor, ele não adapta sua forma de tocar a fim de agregar como parte do grupo.

Por exemplo: Um tecladista normalmente aprende a tocar fazendo os acordes de grave (baixo) com a mão esquerda e as partes de solo com a mão direita. Está correto, mas quando o mesmo entra em um conjunto sem ter esta “visão de banda”, o mesmo tende a se embolar com os demais instrumentos de harmonia do grupo, principalmente com o baixista. Isto acontece porque há uma soma de freqüências graves quando o contrabaixo está em ação. Dependendo da linha que o baixista e o tecladista tomarem, provavelmente também haverá desencontros de tempo dessas notas graves, tornando a coisa toda uma verdadeira bagunça.

O ideal nesse caso é deixar as notas mais “baixas” para o contrabaixo, que tem como característica sonora os graves. Você tem outras oitavas para tocar. Trabalhe acordes de sustentação em outras freqüências como os médios e agudos, a fim de não somar freqüências com os outros instrumentos, principalmente com o baixo em questão, neste exemplo.
O segredo é se concentrar na sonoridade do seu instrumento e observar o que a música pede de você como parte do grupo naquela hora.

Como guitarrista, há determinadas músicas que me pedem somente para segurar em uma determinada nota em uma parte da música somente. Parece até meio sem graça a princípio, mas com certeza, no geral, o resultado sempre é fascinante. Eu não posso me esquecer que há uma banda tocando atrás de mim, portanto, eu tenho que confiar neles.
A Vineyard é um dos ministérios que mais gosto, porque eles tem esta consciência. Os grupos da Vineyard tem um slogan associado à forma de tocarem que diz: “O menos é mais”. Se cada um fizer o seu “pouco” individualmente, teremos um resultado bem “maior” como grupo. É fundamental que tenhamos a humildade e a sensibilidade para perceber que somos uma fração do grupo de louvor. Assim como em uma orquestra, cada músico membro serve e contribui para o conjunto e não o contrário.


http://www.youtube.com/watch?v=7mhN-PGPM7Y

2 comentários:

  1. realmente a mão esquerda de boa parte dos tecladistas é a pior inimiga dos baixistas...eu que o diga...
    o meno é mais, sempre...que possamos nos lembra dessa verdade...

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  2. Obrigado pelo comentário. Em breve discutiremos mais sobre este assunto que aflige boa parte das equipes de música nas igrejas.

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