quarta-feira, 10 de março de 2010

Contextualidade de uma boa música - Relembrando os velhos tempos...

Como é doce a infância...Que eu me lembre, a primeira canção que escutei foi "Lobo Mal" do Fruto Sagrado. Era meados de 1993 e eu estava passando a tarde na casa das minhas tias. Elas já conheciam a Cristo nessa época, eu e meu irmão ouvíamos falar de tal Cristo...bom e distante. Na verdade não distinguia muito bem na época o que era Deus e o que era Jesus...seus papéis se misturavam em minha cabeça.

Mas enfim, nesta tarde não muito diferente das outras, tia Walkíria nos evangelizava de forma bem contextualizada e atual, dizendo que ser crente não é ser careta. Foi na estante e pegou o Long Play (LP - não existia CD ainda...rs) do Fruto Sagrado entitulado "Na contramão do sistema". A capa era um menino na faixa dos seus 13 anos, com uma guitarra na mão, boné virado, óculos escuros e allstar sujos nos pés. Aquilo era pra mim!!! E com certeza foi crucial para formação do músico/cristão que hoje sou!

Tia Walquíria colocou esse LP no toca discos e a primeira música que saiu foi "Lobo Mal":

"Lobo, na pele de cordeiro é lobo mal
Lobo, na pele de cordeiro não ...yé...
Usa terno e gravata, parece até o que não é
Consciência cauterizada, coração petrificado
Queimando o filme atrapalhando o trabalho
dos verdadeiros homens de Deus, dos verdadeiros homens de Deus
Garras afiadas, tudo oque eles querem é teatro perfeito, histeria total
Meias verdades tudo enganação, tome cuidado com o Lobo Mal...

Os seus dias estão contados, sua sentença assinada
Não tem pra onde fugir, não tem pra onde correr
Com dinheiro dos inocentes pensou ter construído o seu próprio céu
Com as almas dos inocentes ele garantiu o seu lugar no Inferno Palace Hotel!!!"







Agora outra mais recente, do álbum "Distorção":


"Nessas horas que eu me lembro
Que o sofrimento é um megafone
É Deus pra mim gritando que eu não sou o super-homem
Que eu sou de carne e osso que eu vou passar sufoco
Vou fazer o quê? Não vou esconder meu choro
Às vezes é mais fácil fingir, eu sei
Fazer de conta que tá tudo bem que tá tudo zen
Disfarçar que não tem nada dando errado
Mas eu não sou o superman

Se não fosse por Você eu jogava a toalha
Tenho visto tanta coisa errada nesta estrada
Muito falso herói se achando o tal
Iludido com aplausos, elogios... com o pedestal
Até eu já vacilei, dei bobeira, viajei
Esqueci que levo tombo como qualquer um
Esqueci que levo tombo, esqueci que sou normal
Alguém aqui é normal?

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo
Não existe superman

Eu vou insistir em Te acompanhar
Haja o que houver, acredite quem quiser
Mesmo tropeçando eu tô aprendendo
Tô descobrindo que pra tudo existe um tempo
Por isso eu tô na luta, tô sobrevivendo
São nessas horas que eu me lembro
Que às vezes eu machuco, às vezes me machuco
Explodindo por fora, explodindo por dentro
Mas eu tô aprendendo, tô aprendendo

Agora eu tô sabendo
Que o sofrimento é um megafone
É Deus pra mim gritando que eu não sou super-homem
Que eu sou de carne e osso que eu vou passar sufoco
Agora eu não esquento não vou esconder meu choro
Afinal eu sou um cara comum
Que também leva tombo como qualquer um
Que tropeça, levanta mas não sai da dança
Tropeça, levanta e não sai da dança

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo...

Às vezes é mais fácil
Fazer de conta que tá tudo bem
Mas você sabe que eu não sou o superman

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo
Não existe superman"






Que contexto! Brilhante...atual...cru...Uma pancada nos miolos! Tem como ser mais evangelístico do que isso?

Apesar de "Lobo Mal" ser feita há 17 anos atrás e "Superman" ser feita há 4 anos no máximo, pode-se evidenciar hoje as mesmas verdades ditas nas duas letras dessas músicas. Essa informação me alicerçou nas verdades sagradas que hoje tento seguir e guardar em meu coração.

Estou dizendo isso para alertá-los de que não existe fórmulas, rótulos para adoração através da música.

A verdadeira adoração simplesmente nos abre os olhos de quem somos e de quem Deus é, nos dando uma consciência de reconhecimento de Cristo (Rm 12:2 - "Transformaivos pela renovação da vossa mente").

Reconhecer não é simplesmente saber que ele existe, não é dizer que Ele (Jesus) é um cara legal...

Seu carro quebra no meio da rua. Você olha para um lado e vê um distinto senhor, cabelos grisalhos, terno fino, jaleco branco por cima. Um médico. você olha para outro lado e vê um senhor sujo, macacão imundo e esfarrapado, mãos sujas de graxa. Um mecânico. Qual dos dois são aptos a resolver seu problema? Creio que é o mecânico, não é mesmo? Toda a formação do médico não o ajudaria em nada nessa hora.

Portanto, reconhecer a Cristo é saber que Ele é o único que pode resolver seus problemas, aliás, Ele veio aqui unicamente e exclusivamente com esse objetivo. Resolver um "problemão" para nós. Nos livrar de uma condenação que estava previamente declarada.

Abra sua mente, não se tolha a rótulos e estereótipos com relação a formas de louvor e adoração. Experimente coisas diferentes, fatos que tenham conteúdo e que fale principalmente coisas que te instiguem a pensar, confrontando seu modo de racionalizar Deus.

As letras de uma canção de adoração se tornam atemporais quando o fazemos inspirados em Deus. A eternidade do Pai é representada na atualidade dos contextos em que se moldam as letras de uma boa música cristã.

Diogo Barbosa.

Um comentário:

  1. momentos com Deus são totalmente atemporais, ainda me lembro muitissimo bem da minha primeira "escutadela" em fruto sagrado...simplesmente extasiante.

    depois, mas não muito, conheci o Akza, mais leve porém, com letras muito fortes...

    Vários se dizem impactados por oficina G3, eu os respeito e gosto bastante. (menos com o sr. PG, com ele não dá mesmo). Mas com manga era lindo...

    Minha formação não foi G3 apesar de tocar diversas músicas da época. Mas o que me impactava e impacta ainda hoje são:

    Brother Simeon
    Frutos Sagrado
    Akza

    isto sim é rock n' roll de raíz...sem apelos mercadológicos...coisa de alma mesmo...

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